Mestrande do Mestrado em Divulgação Científica e Cultural – LABJOR (UNICAMP, Brasil). Graduada em Antropologia com habilitação em Antropologia Social e em Arqueologia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Brasil). Membro do “Grupo de Pesquisa Gênero e Sexualidade” e do “Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas” (UFMG). Participante do “Laboratório de estudos socioantropológicos sobre tecnologias da vida” (UNICAMP). Seu principal tema de pesquisa é gênero, sexualidade e internet.
Érica Renata de Souza é Professora Associada do Departamento de Antropologia e Arqueologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Brasil). Pós-doutora em Política Científica e Tecnológica e Doutora em Ciências Sociais, ambos pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, Brasil), com doutorado-sanduíche na York University (Toronto, Canadá). Seu principal tema de pesquisa é gênero e sexualidade.
Os ambientes virtuais vêm sendo crescentemente utilizados como plataforma para o desenvolvimento e disseminação de ideias, pautas e produções feministas e para denúncias de machismos, misoginias e violências de gênero que ocorrem dentro e fora da internet. Neste contexto, os ciberfeminismos atuam como importantes veiculadores destas ações e são centrais na garantia de modos de denúncias mais seguros às vítimas. Na busca por tal segurança, entra em cena o anonimato, um conceito/ferramenta polêmico e disputado. Neste artigo, em uma articulação de possibilidades metodológicas como a Antropologia Digital (Horst & Miller, 2012), a etnografia multissituada (Marcus, 1995) e perambulação/acompanhamento/imersão nos ambientes virtuais (Leitão & Gomes 2018), delineamos algumas das ambiguidades, tensões e discussões que circundam o anonimato digital na arena das disputas políticas e suas implicações na relação com grupos e corpos minorizados, pautas e ações ciberativistas e ciberfeministas, tecnologia feministas, discursos jurídicos e estruturas de poder.
ABSTRACT
Virtual environments are increasingly being used as a platform for the development and dissemination of feminist ideas, guidelines and productions and for denouncing sexism, misogynies and gender violence that occur on and off the internet. In this context, cyberfeminisms act as important carriers of these actions and are central to ensuring safer ways of reporting for the victims. In the search for such security, anonymity comes into play, a controversial and disputed concept / tool. In this article, in an articulation of methodological possibilities such as Digital Anthropology (Horst & Miller, 2012), multisituated ethnography (Marcus, 1995) and wandering / monitoring / immersion in virtual environments (Leitão & Gomes 2018), we outline some of the ambiguities, tensions and compelling that surround digital anonymity in the arena of political disputes and its established in the relationship with minorized groups and bodies; cyberactivist/cyberfeminist actions and agendas; legal speeches; power structures.
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